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Mensagem de Páscoa de Sua Excelência Reverendíssima D. Stephen Lee--Vamos em frente e procurar aqueles que estão distantes


 

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Vamos em frente e procurar aqueles que estão distantes

 


Jesus diz: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 10,10). A vida é um presente inestimável que Deus nos dá: a vida em si mesma é sempre boa e bela. No entanto, temos de admitir que a vida humana está sob o ataque de uma cultura de morte altamente destructiva. De acordo com as estatísticas da Organização Mundial de Saúde, há em média, no mundo uma pessoa que morre por suicídio, a cada 40 segundos.[1] A taxa de mortalidade por suicídio excede os números previstos de mortes causadas por guerra e homicídio, e o número de tentativas de suicídio é muitas vezes maior do que as mortes por suicídio. Com a aproximação do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio (10 de setembro), apelo a todos os fiéis para que se unam a mim e demonstrem preocupação com o problema do suicídio.

As pessoas que tentam o suicídio enfrentam situações desesperadoras nas suas vidas pessoais. Essas situações são provocadas por muitos factores: ou pela dor insuportável e pelo medo causado por doenças físicas ou mentais, ou pela  dificuldade de subsistência dos pobres devido a distribuição desigual de recursos, ou pela sensação de impotência em lidar com os problemas de injustiça social ou, ainda, pela dor causada por todos os tipos de crimes e pecados e pela incapacidade de lidar com acidentes repentinos, etc. Aqueles que tentam o suicídio estão num caminho aparentemente inevitável de experiências dolorosas nas suas vidas. Diante das dúvidas da vida, faz-nos bem ter presentes as palavras da Escritura: “Ainda que ande por vales tenebrosos de nada terei medo, porque Tu estás comigo ”(Salmo 23, 4).

A Igreja respeita e procura proteger a vida em todas a todos os níveis. Não cuidamos apenas das pessoas que tentam o suicídio, mas também daquelas que se suicidam e das suas famílias. O problema do suicídio envolve muitas questões com as quais a Igreja há muito se preocupa, como pobreza, doença, discriminação, marginalização e outros problemas sociais. Há vinte e cinco anos São João Paulo II promulgou a encíclica Evangelium Vitae (O Evangelho da Vida), na qual destacava o valor inviolável da vida humana e nos chamava a ser “Gente da Vida”, para participar na missão de proteger e promover a vida juntos. A cultura da morte não é algo a ser facilmente descartado quando cresce sob as tendências predominantes do secularismo, individualismo, utilitarismo e hedonismo. Devemos estar unidos no espírito e combater a cultura da morte com a “cultura do amor”.

Como discípulos de Jesus, somos chamados a ser “vizinhos” de cada pessoa,[2] por isso convido cada um de vós, e também as comunidades de fiéis, a realizar actos de caridade em resposta ao recente apelo da Congregação para o Clero de “ir adiante e buscar os que estão afastados ”.[3] Há várias maneiras que podemos usar para oferecer aos outros o evangelho da vida:

  1. Cuidai da vossa família, amigos e colegas; reservai um tempo para ouvir as coisas que desejam compartilhar nas suas vidas;

  2. Tende contactos activos com parentes e amigos, incluindo aqueles que vivem fora do seu país, especialmente aqueles que vivem sozinhos, os doentes, as crianças, os jovens necessitados de cuidados e os que se encontram em áreas que sofrem com o surto da pandemia;

  3. Participai em associações e em equipas paroquiais que organizam visitas a pessoas desfavorecidas, solitárias, reclusos e pessoas em dificuldades.

  4. Seja atencioso para com as pessoas que  vê diariamente.

Ao mesmo tempo, desejo encorajar todos aqueles que têm dificuldade em aceitar verdadeiramente, com coragem e sentido de gratidão, o cuidado e a solicitude dos outros. Isso ajuda a aliviar a solidão e o desamparo. A caridade torna-se mais fácil quando há essa abertura de coração.

A nossa solicitude pode permitir que aqueles que recebem percebam que as pessoas se lembram delas e se preocupam com elas. Para pessoas com problemas, um simples sorriso já transmite muito consolo e encorajamento. O amor requer coragem e também um senso de compromisso. Quando sentirmos que não cumprimos o dever, por favor, lembremo-nos das palavras encorajadoras do Papa Francisco: “Coragem! Peço apenas que faça o seu coração bater, nada mais, e que olhe atentamente. O resto virá naturalmente. ”[4]

Rogamos a Santa Maria, Mãe da Igreja e Consoladora dos aflictos, a sua orientação e proteção para confortar os aflitos, confirmar os duvidosos, conceder paz e saúde de alma e corpo às pessoas que se encontram em situação de desespero!


[1] Organização Mundial de Saúde, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio 2019 (Comunicação)

[2] Encíclica Evangelium Vitae, Cap. IV, "A Mim o fizestes".

[3] A conversão pastoral da comunidade paroquial ao serviço da missão evangelizadora da Igreja, da Congregação do Clero (Instrução).

[4] Mensagem do Papa Francisco aos participantes do quarto Curso de Espiritualidade na diocese argentina de Comodoro de Rivadavia, 24 de Julho de 2020.

 




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