Francisco: que a liturgia seja sem ostentações e sem ignorar alegrias e sofrimentos do povo de Deus
Data de lançamento:2025/03/01
  • Partilhar:

4.jpeg

Edoardo Giribaldi – Vatican News


“Por favor, não se esqueçam de rezar por mim”. Uma invocação simples, mas cheia de significado, que atravessou os anos do pontificado do Papa Francisco como um fio firme e tenaz. Também na noite de 28 de fevereiro, ela ressoou nos corações dos fiéis, que se aglomeraram na Praça São Pedro reunidos em oração, com esperança e devoção na sequência das contas do Rosário. Uma oração que o Pontífice guarda no “coração”, com o desejo de que vá além de si mesmo, elevando-se “também por todos aqueles que, neste momento dramático e de sofrimento particular do mundo, carregam o pesado fardo da guerra, da pobreza, da doença. A eles, o Papa se une em oração”. São palavras do Cardeal Víctor Manuel Fernández, Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, que conduziu a oração mariana “pela saúde do Papa Francisco”, precisamente sob o olhar da Mãe da Igreja, cujo ícone também vigia o momento de oração na noite.

A oração do Povo de Deus

Cardeais, sacerdotes, religiosas, fiéis leigos de diferentes partes do mundo – percebe-se um Terço ao lado de uma bandeira do Brasil -, alguns jovens: o povo de Deus, com suas múltiplas diversidades, entrelaça suas vozes em uma única melodia de fé, meditando sobre os Mistérios Dolorosos.

Tiziana Campisi - Vatican News

A liturgia “deve ser sempre encarnada, inculturada”, pois expressa “a fé da Igreja”, “toca a vida do povo de Deus e lhe revela a sua verdadeira natureza espiritual”. Do Hospital Gemelli de Roma, onde está internado desde 14 de fevereiro e continua a realizar as suas atividades, Francisco se dirige em uma mensagem aos participantes do Curso Internacional de Formação para Responsáveis das Celebrações Litúrgicas do Bispo, realizado na capital italiana de 24 a 28 de fevereiro, no Pontifício Sant'Anselmo.

O Pontífice exorta a não ignorar “as alegrias e os sofrimentos, os sonhos e as preocupações do povo de Deus”, porque “possuem um valor hermenêutico”, e a “propor e encorajar um estilo litúrgico que expresse o seguimento de Jesus, evitando ostentações ou protagonismos inúteis”. “Convido vocês a exercer o ministério com discrição, sem se vangloriar dos resultados do seu serviço”, escreve o Papa, que também incentiva a "transmitir essas atitudes aos ministrantes, aos leitores e aos cantores’.

Acompanhar os fiéis no evento sacramental

O Pontífice enfatiza que “toda diocese olha para o bispo e para a catedral como modelos celebrativos a serem imitados” e que o responsável pelas celebrações litúrgicas “é um mestre colocado a serviço da oração da comunidade” e, portanto, “enquanto ensina humildemente a arte da liturgia, deve guiar” os celebrantes, “marcando o ritmo ritual e acompanhando os fiéis no evento sacramental”. É sua tarefa preparar “cada celebração com sabedoria, para o bem da assembleia”; deve garantir que “os princípios teológicos expressos nos livros litúrgicos” se tornem “práxis celebrativa”; acompanhar e apoiar “o bispo em seu papel de promotor e guardião da vida litúrgica”, de modo que o pastor possa “conduzir gentilmente toda a comunidade diocesana na oferta de si mesmo ao Pai, à imitação de Cristo”.

Na liturgia, o encontro com o Senhor

“O cuidado com a liturgia é, antes de tudo, o cuidado com a oração”, enfatiza Francisco, acrescentando que isso significa cuidar do "encontro com o Senhor". Há uma “grande mestra da vida espiritual” que pode servir de exemplo, Santa Teresa d'Ávila, proclamada Doutora da Igreja por Paulo VI, que observou a “sabedoria das coisas divinas e das coisas humanas”. E “preparar e orientar as celebrações litúrgicas significa” precisamente conjugar “sabedoria divina e sabedoria humana”: “a primeira se adquire rezando, meditando, contemplando”, explica o Papa, “a segunda vem do estudo, do empenho em aprofundar, da capacidade de escutar”.

Ter sempre o povo de Deus no coração

Para realizar “essas tarefas”, o conselho de Francisco é “manter o olhar fixo no povo” - que tem o bispo como “pastor e pai” - e isso para entender “as necessidades dos fiéis, bem como as formas e modalidades para favorecer sua participação na ação litúrgica”. Por fim, o Papa espera que aqueles que cuidam da liturgia “tenham sempre no coração o povo de Deus” e o acompanhem “no culto com sabedoria e amor”, e conclui a mensagem pedindo mais uma vez que rezem por ele.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui





 
Navegar vezes:4261