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Dom Balestrero, núncio na RDC: esperamos o Papa para cicatrizar as feridas


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Antonella Palermo - Cidade do Vaticano

O ramo do ISIS na África Central, ISCAP, assumiu a responsabilidade pela explosão ocorrida no domingo, 15, em uma igreja pentecostal na província de Kivu do Norte, que deixou pelo menos 17 mortos e mais de quarenta feridos. Os jihadistas disseram que colocaram e detonaram a bomba e ameaçaram novos ataques.

A República Democrática do Congo é o país que será visitado pelo Papa Francisco a partir do dia 31 de janeiro, na Viagem Apostólica que o levará também ao Sudão do Sul. Em entrevista ao Vatican News, o núncio apostólico no país, Dom Ettore Balestrero, fez uma análise do contexto sócio-político da região e um balanço dos preparativos para a visita papal.

Que sinal expressa o ataque de ontem reivindicado pelo ISIS?

Um sinal preocupante, ainda mais porque confirma a evolução da situação. Precisamente por isso será muito importante o encontro do Papa, quando vier, com as vítimas do leste. Também é preciso dizer que na realidade houve dois ataques: um na fronteira com Uganda em um templo pentecostal: as imagens que me enviaram descrevem um verdadeiro inferno, com corpos mutilados de adultos e crianças, um prédio semidestruído. Mas no mesmo dia houve um ataque em Beni, em um mercado central que fica em um dos pontos mais seguros da cidade. Também nesse caso, há quem acredite tratar-se de uma demonstração de forã e de terror das AdF (Forças Democráticas Aliadas). Por outro lado, há quem considera que houve cumplicidade com a segurança local, porém uma hipótese não exclui a outra. Em todo caso, eu diria que a paz no leste ainda está distante. Estamos numa província, Kivu do Norte, sitiada há mais de um ano, demonstrando como a situação não só não melhorou como piorou. Uma mensagem muito preocupante é que infelizmente as AdF estão ficando mais fortes e parece-me que são também elas as principais beneficiárias do conflito em curso mais ao sul, nos arredores de Goma, com a M23. O ataque de domingo também mostra que eles ganharam grande influência em Butenbo, uma grande cidade perto de Kasindi. O fato de ter sido reivindicado pelo Isis também demonstra que os vínculos entre ADF e Isis estão se consolidando, os métodos dos atentados estão, infelizmente, se tornando cada vez mais homogêneos e isso só leva preocupação à segurança regional, e sobretudo às populações que são as vítimas constantes das carnificinas.

São fatos que também nos remetem ao atentado fatal contra o embaixador Luca Attanasio…

Sim, aquele atentado ocorreu perto de Goma, onde infelizmente está em curso outro conflito terrível que causou mais de 500.000 deslocados desde novembro. Destes, 250 mil estão um pouco mais ao sul de Goma e o local onde foi morto o embaixador italiano é uma das fronteiras invisíveis entre a parte do território ocupada pelo M23 e a parte ainda controlada pelas forças armadas congolesas. É uma situação devastadora, há pessoas que morrem ao longo da estrada, estão surgindo doenças, infelizmente também a cólera, e é extremamente urgente ter locais onde as pessoas possam ser alojadas. A Igreja está fazendo um grande trabalho, os padres e as freiras permanecem no local, eles se tornaram catalisadores de ajuda: eles fazem coletas de roupas, remédios, alimentos e os distribuem. É uma diocese dividida em duas, basta dizer que das 32 paróquias, seis estão em território ocupado pelo M23.

Qual é a resposta do ponto de vista ecumênico?

Eu diria uma grande colaboração. O ataque aconteceu em um templo que pertence à Igreja de Cristo no Congo. Com esta organização, que reúne várias confissões protestantes, existe uma grande colaboração também no sublinhar que existe um problema por trás, que é a causa de todos estes conflitos: é a riqueza do subsolo no leste. É a razão fundamental da sua importância estratégica com todos os países limítrofes e é a principal causa da economia de guerra que se perpetua nesta zona do leste. Também para a preparação da visita do Papa existe uma colaboração ecumênica: serão convidados, por exemplo, para o encontro de alguns deslocados com o Papa, alguns não católicos. Procuramos juntos acompanhar o desenvolvimento democrático do país.

Como estão os preparativos para a visita do Papa e quais são as medidas de precaução?

O mais imediato é o que o próprio Papa referiu há alguns dias, ou seja, que originalmente estava previsto que ele também iria a Goma, agora não é possível fazê-lo. Também porque nessas semanas não é fácil ir até lá. O esforço pela segurança e ordem pública é gigantesco: basta dizer que pelo menos 2 milhões de pessoas devem assistir à Missa que o Papa celebrará em Kinshasa. Todas as semanas me encontro com o primeiro-ministro e o responsável pela Igreja local. Muito já foi feito... Também há histórias bonitas: por exemplo, posso contar de um menino que vai à Missa todos os domingos aqui na Nunciatura. Ele se interessou pela visita do Papa e ainda ontem me pediu para receber todos os sacramentos da iniciação cristã. Parece-me o objetivo principal da visita: despertar a fé em quem não a tem e fortalecer a alegria em quem a vive. Muitos dizem que a visita do Papa é um sonho que se torna realidade. Em todo o país há a expectativa de receber uma palavra de consolo e também de sarar as feridas que infelizmente ainda sangram e sobretudo sangram no leste do país.






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