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MENSAGEM DE NATAL DE 2022 DO BISPO D. STEPHEN LEE



Pratiquemos a Verdade em “Amar o Próximo


 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Nos últimos três anos, desde o início da pandemia de Covid-19, tanto a Diocese como a sociedade de Macau superaram muitos momentos difíceis. Recentemente, houve um alívio das regras de prevenção, sendo que algumas medidas de isolamento chegaram gradualmente ao fim, e a cidade renovou a esperança e alegria trazidas pela perspectiva também do alívio das regras aduaneiras e da recuperação económica. No entanto, a sociedade começou a ser amplamente infectada com o novo coronavírus, gerando um sentimento de ansiedade e tensão.

Neste período do Advento, meditemos no Menino Jesus que nasceu na manjedoura, o Menino Jesus deitado, quieto, desde o momento em que foi concebido, no ventre da Virgem Maria, até ao momento em que nasceu. Foi um momento de alegria e incerteza: o Santo Verbo se fez Homem e tomou a alegria da carne, mas Maria concebeu sem se casar com José, o que gerou muitas interrogações. A gravidez de Maria trouxe a alegria da vida, mas enfrentou o desafio de percorrer um longo caminho até Belém para o recenseamento, acabando a Mãe por não ter onde ficar – é a alegria do nascimento de um bebé, seguido do sofrimento da fuga para o Egipto, entre outros episódios.

Neste momento, podemos viajar e visitar os nossos familiares, mas quando os nossos vizinhos adoecem, ou quando todos nós adoecemos, enfrentamos novos desafios na sociedade e nas relações interpessoais. A resposta a este quadro pode ser encontrada na Encíclica “Fratelli Tutti”, do Papa Francisco, que descreve o «Bom Samaritano» de Lucas (Lc., 10,25-37). Esta é uma parábola muito conhecida do Evangelho, que não apenas nos ensina sobre o significado da caridade, mas também como podemos ser gentis para com o nosso próximo.

De um modo geral, quando reflectimos sobre esta parábola, uma das perguntas que nos vem à mente é: “Quem é o meu próximo?”. Acontece que se pensarmos assim, inevitavelmente caímos na armadilha do relativismo, como se fizéssemos uma distinção entre os outros e eu, ou seja, “quem não é meu vizinho?”. O Papa convida-nos a reflectir: “Com que personagem da história me identifico?”. Muitas vezes somos tentados a ignorar os outros. Estamos acostumados a fechar os olhos para as coisas ao nosso redor e passar com indiferença, a menos que elas nos afectem directamente. Se nos importamos com as imagens do sofrimento de outras pessoas, estas perturbam-nos e então preferimos não perder tempo com os seus problemas. Tal tipo de sociedade é construído com base no desrespeito pelo sofrimento das pessoas (Irmãos, 64-65). No passado, a população de Macau assistiu à propagação da epidemia por todo o mundo e nas regiões vizinhas, na perspectiva de que nada era connosco. Agora, experienciamos pessoalmente os sentimentos contraditórios de “liberdade” e “infecção”, e começamos a vivenciar a prática de verdadeiramente “Amar o Próximo”. “É meu sincero desejo que nesta época reconheçamos a dignidade de cada ser humano, e possamos despertar universalmente o desejo de fraternidade” (ibid., 8).

São Tomás de Aquino explica de que forma podemos experimentar o amor que Deus realiza por meio da Sua graça. Para ele, o amor é uma acção voltada para o outro, “o amante vê o ser amado como um só consigo mesmo”, considerando-o “precioso”, estimado e “extremamente valioso” (ibid., 93).

Portanto, nos próximos meses, devemos promover activamente o espírito do amor, da assistência e do respeito mútuo, na situação em que nos encontramos: de infecção gradualmente generalizada. Temos de manter a ordem e os nossos hábitos de vida organizados e, juntos, apoiarmos as orientações do Governo para a prevenção de epidemia, bem como de outros aspectos, apelando aos familiares e amigos que se deparam com a doença para prestarem mais atenção e darem apoio moral e material sempre que os seus familiares necessitarem.

Enfrentemos todos os dias esta única escolha: sermos bons samaritanos (ibid., 69). Como concluiu o Papa: Bem-aventurado o homem que ama “o seu irmão, tanto quando está longe, como quando está junto de si” (ibid., 1).

Por fim, meditemos no amor do pequeno Jesus do Evangelho e de Maria, mas também de José, dos anjos e pastores que se prostram ao seu lado, diante da manjedoura: essa é a Boa Nova do Natal. Neste Natal e no Novo Ano, pelo amor e esperança no nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, espero que a nossa Diocese, juntamente com a sociedade de Macau, bem como das regiões vizinhas e do resto do mundo, possam restaurar a prosperidade económica e os meios de subsistência, para felicidade e estabilidade de todas as pessoas.

Desejo a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

† Bispo D. Stephen Lee

Diocese de Macau


 




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